Infância
Segundo Jacques Lacan, ocorre um processo chamado “estágio de espelho” que se inicia aos seis meses de idade até aos dois anos.
Mas, como ocorre esse processo? Num primeiro tempo a criança não teria a vivência do seu corpo com sendo uma parte integrada, pelo contrário ela percebe seu corpo como sendo uma dispersão de partes separadas, por falta de coordenação e imaturidade de como ela vem ao mundo. Assim tendo uma vivência de despedaçamento. De início a criança começa a conquistar a totalidade de seu corpo por meio do “espelho”, que representa uma metáfora do vínculo entre mãe e bebê, do olhar da mãe e do bebê, essa metáfora traz uma dimensão imaginária, na qual permitirá uma ilusão de completude do bebê. É nesse “espelho” que a criança irá antecipar a totalidade de seu corpo, por meio dessa imagem no espelho.
A criança reage diante dessa imagem como sendo a de outro e depois se dá conta que esse outro é ela própria. A mãe seria o espelho da criança e é ela que contribuirá para visão desse outro. Então, é lá fora que a criança se descobre. Quando a criança se dá conta que esse outro é ela mesma reagirá com júbilo diante dessa imago, o ego ideal, porém, é nessa imagem do outro que a criança irá se alienar. É esse outro que irá assumir o lugar da criança, esse é o campo do Imaginário, o campo narcisista.
Uma identificação com a própria imagem especular como uma ilusão de domínio e coordenação corporal que ainda não foi alcançada, e uma ulterior alienação do olhar da mãe na sua própria imagem. Essa cisão posterior entre ser fragmentado e seu reflexo no espelho, constitui um novo estágio psíquico na dialética da separação/unificação. [...] o espelho tanto duplica quanto cinde, o mundo não é mais uma extensão do bebê, mas está duplicado, o outro se torna o duplo de si mesmo. Esta relação com o duplo sempre provoca conflito, pois, se o outro é um duplo de si mesmo, ele