inflação e juros
Número 94 – Janeiro de 2011
Inflação e juros: é necessário mudar o rumo do debate
Inflação e juros: é necessário mudar o rumo do debate
De tempos em tempos, o debate sobre inflação toma vulto no Brasil. Nos últimos anos foi assim em 2003, 2008 e agora em 2010.
Como a terapia oficial usada para o enfrentamento da inflação é sempre a mesma – a elevação da taxa básica de juros - Selic1 – aumenta a preocupação do movimento sindical, uma vez que juros mais altos têm impacto negativo sobre o crescimento econômico, a geração de empregos e as negociações coletivas.
Outros efeitos indiretos não menos importantes decorrem do aumento dos juros básicos: a elevação da dívida pública atrelada à taxa Selic e a valorização do real. O aumento da dívida obriga o governo federal a apertar o orçamento público com corte de gastos e/ou aumento de impostos para garantir um superávit das contas públicas. O aumento do superávit (receita-despesa) é para evitar o crescimento da relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB). O outro efeito não menos importante é a valorização da moeda nacional que amplia o risco de “exportar” empregos, uma vez que as importações ficam mais baratas e as exportações mais caras. Também os serviços são afetados como, pois, por exemplo, os gastos de turistas brasileiros no exterior ficam maiores.
Esta nota tem o objetivo de debater a recente elevação da inflação, discutir suas causas e medidas de enfrentamento que preservem o atual ritmo de crescimento econômico, com efeitos favoráveis sobre o nível de emprego e as negociações coletivas. Também indica a importância de criar uma agenda, ainda que incompleta, de debates para mudanças na política econômica, especialmente no uso dos juros básicos para combater a elevação dos preços.
A inflação e o regime de metas
A economia brasileira ingressou num novo patamar inflacionário a partir de 1994 com a política de estabilização monetária implantada pelo Plano Real. A inflação