Inflação de custos
Celso Ming
Jornal “O ESTADO DE SÃO PAULO” -Quinta-Feira, 10 de Abril de 2008
São duas as principais formas pelas quais a inflação ataca a economia. Ou ela é de demanda ou de custos.
Inflação de demanda reflete o descasamento entre consumo e oferta num determinado mercado. É aparentemente a situação de hoje no Brasil. O consumo vem crescendo acima dos 7% e a oferta vem atrás, a 5%.
Inflação de custos é a que sobrevém quando os custos de produção ficam mais altos. Se os preços do petróleo sobem nas bolsas de Londres e Nova York, aumentam os custos de produção e de transporte de tudo o que leva derivados de petróleo. Em seguida, esse aumento de custos vai para o preço final.
Na prática, esses dois tipos de inflação podem se confundir ou se sobrepor. A principal razão pela qual as cotações do petróleo e dos alimentos estão em alta é o aumento do consumo dos asiáticos, especialmente dos chineses. Desse ponto de vista, trata-se de uma inflação global de demanda, que cresce mais rapidamente do que a oferta de petróleo e alimentos. Mas, dentro de um país, como os Estados Unidos, essa inflação é percebida como aumento de custo.
Uma inflação de demanda pode ter um punhado de causas. A mais comum é a gastança do governo. Quando paga fornecedores, empreiteiros e funcionários, injeta dinheiro na veia da economia que vai para o consumo. É por isso que corte de despesas pode estancar ou reduzir um processo inflacionário.
Quando uma inflação é de custos, não há o que um banco central possa fazer para combatê-la. Pode elevar quanto quiser os juros que os preços da soja ou do milho manterão a mesma trajetória na Bolsa de Chicago. Quando é de demanda, a terapia dos juros é mais eficiente porque juros mais altos aumentam o custo dos financiamentos e levam os bancos a trabalhar com prazos de financiamento mais curtos. Além disso, estimulam o investimento (a poupança). Portanto, adiam o consumo.
Há ao menos outros dois preços que não