Industrialização da decada de 90
.A avaliação do desempenho da indústria e da evolução da estrutura industrial na década de 90 tem atribuído à liberalização comercial um papel central entre os fatores que condicionarão o perfil da indústria brasileira na virada do século. De um lado, os defensores da abertura comercial a ela atribuem os ganhos de produtividade e o aumento da competitividade obtidos pela indústria ao longo da década. De outro, os críticos da liberalização vêem na abertura “precipitada” a origem não só das dificuldades por que a indústria passou nesta década, mas até mesmo de um processo de desindustrialização cujo paradigma seria o setor de bens de capital.
É indiscutível o papel central da liberalização comercial como fator condicionante da evolução por que passou a industria brasileira nos anos 90. Genericamente, ela contribuiu de forma direta para moldar um ambiente de negócios caracterizado por um grau de contestabilidade dos mercados muito superior àquele vigente durante as décadas anteriores, tornando a busca de aumentos de produtividade e de competitividade um objetivo central das estratégias empresariais. Além disto, a liberalização comercial constituiu uma pré-condição essencial para a drástica redução dos níveis de inflação, posterior a julho de 1994.
Diversos estudos ressaltaram o papel da abertura comercial como fator indutor do crescimento da produtividade da indústria como um todo, do aumento acentuado dos coeficientes de importação dos distintos setores e das reduções de margens e de custos das empresas industriais (conforme a Tabela 1, abaixo. Veja-se, ainda, Moreira e Correa, 1997; Hay, 1997). Em alguns setores, o crescimento das importações significou a redução substancial do valor agregado domesticamente pela indústria, como resultado de estratégias de desverticalização, de especialização e de aumento da eficiência das empresas.
Tabela 1: Variação do mark up e dos custos industriais por