Independencia do Brasil
Jurandir MALERBA1
RESUMO: O tema da Independência do Brasil produziu verdadeiras linhagens historiográficas ao longo de quase dois séculos. Este ensaio visa a sublinhar a característica fundamental da historiografia que é sua própria historicidade, por meio de um exercício comparativo entre os quadros teóricos de interpretação histórica vigentes há três décadas e os que vigoram hoje em dia.
PALAVRAS-CHAVE: Independência – Brasil; Independência – Historiografia; Teoria da Historiografia.
Em um seminário que tive o privilégio de organizar em 2003, chamado “New Approaches to Brazilian Historiography”, junto ao Centre for Brazilian Studies da Universidade de Oxford, começaram a se desenhar algumas das questões que pretendo desenvolver a seguir. Para aquela ocasião, eu havia preparado um paper de abertura, onde fazia um balanço da historiografia da Independência nos últimos 25 anos – desde 1980 para cá.2
Afirmei, naquela oportunidade, que as questões que hoje levantam os historiadores da Independência do Brasil são virtualmente as mesmas que se levantaram nos últimos 180 anos, questões que as diversas gerações de historiadores, com maior ou menor sucesso, responderam a seu modo. A recente vaga revisionista da história da Independência está aí a demonstrar que nem tudo é consenso no que concerne a temas os mais visitados pela historiografia, relativos à questão de por que, afinal de contas, sucedeu-se a independência do Brasil de Portugal. À medida que se qualifica o debate, percebe-se a recorrência de diferentes perspectivas do objeto, índices das preocupações, interesses e habilidades de cada geração de historiadores. Entre essas questões eu destacava:
HISTÓRIA, SÃO PAULO, v.24, N.1, P.99-126, 2005 99
JURANDIR MALERBA
- Qual ou quais fatores, forças, processos, atores conduziram ao desfecho da emancipação política?
- Teria havido algum projeto “nacional” fundamentando o