Imperatriz e a sua formação
A CONTRIBUIÇÃO DA IMPERATRIZ LEOPOLDINA À FORMAÇÃO CULTURAL
BRASILEIRA (1817-1826)
Arilda Ines Miranda Ribeiro – UNESP/Presidente Prudente
A necessidade de se reescrever a história
Durante muitos anos os historiadores se debruçaram apenas na chamada
“História Oficial”, ou seja, aquela em que enaltece os qualificativos dos homens que estiveram em evidência nas guerras, na política, na área pública. A mulher e suas realizações, ao contrário, ficaram ausentes dessas narrativas.1
No Brasil, apenas nos últimos anos foram iniciadas pesquisas que incluíram as mulheres no campo da historiografia.2 A recente inclusão da presença feminina tem possibilitado um alargamento do próprio discurso historiográfico brasileiro, até então estritamente estruturado para pensar o sujeito universal, ou ainda, as ações do individuais e as práticas coletivas marcadamente masculinas.
Para este texto, resultados de interpretações iniciais de um pós-doutoramento realizado em 2004 no Centro de Memória da Unicamp sobre a Imperatriz Leopoldina, propomos enunciar alguns achados, aparentemente óbvios para historiadores especialistas no tema, mas novidade para historiadores em educação sobre sua contribuição à formação da cultura brasileira.
Os livros didáticos sobre a História do Brasil, costumam atribuir à D.João VI, a
D.Pedro I e a D.Pedro II, a introdução da cultura e da educação laica no Brasil. No entanto, durante o período de 1817 a 1826, o Brasil contou com a contribuição da Arquiduquesa da
1
Taunay, A. O enclaustramento das mulheres. Annaes do Museu Paulista., 1:320,1922. Esses homens figurariam nessas narrativas oficiais como “monumentos”, no sentido atribuído a eles por Le Goff, J. As mentalidades – uma história ambígua. In: Novos Objetos. Rio,Francisco Alves, 1976.
2
Por razões de espaço não é possível registrar aqui a literatura a que nos referimos. No entanto, podemos citar o trabalho de