A imagem corporal é uma construção multidimensional que representa como os indivíduos pensam, sentem e se comportam a respeito de seus atributos físicos. A imagem corporal exerce papel mediador em todas as coisas, desde a escolha de vestimentas, passando por preferências estéticas, até a habilidade de empatizar com as emoções dos outros. Pode-se dizer que a identidade humana é inseparável de seu substrato somático. Pesquisas avaliando a insatisfação em relação à imagem corporal são poucas na bibliografia médica no Brasil. Entretanto, tornam-se importantes se considerarmos o crescente aumento de transtornos alimentares, anorexia nervosa, bulimia, obesidade, ortorexia, crudivorismo, os quadros de vigorexia e dismorfismo muscular, as cirurgias estéticas e protéticas e as práticas diversas de mudanças na imagem corporal tais como piercings e tatuagens. Um estudo, inquérito epidemiológico, em 1.183 alunos, faixa etária de 6 a 18 anos, em escolas públicas e particulares de Belo Horizonte, Minas Gerais, mostrou que a maioria dos alunos (62,6%) estava insatisfeita com seu corpo. Do total, 33,7% gostariam de ser mais magros, 28,9% gostariam de ser mais gordos e 37,4% sentiamse bem com o corpo. Os resultados mostraram percentual elevado de alunos com insatisfação corporal, iniciando numa idade precoce e sujeita a riscos pela associação possível com transtornos alimentares, baixa autoestima, limitações no desenvolvimento psicossocial, depressão, manutenção de obesidade e outros riscos. Importante seria estimular novas pesquisas e estudos sobre insatisfação corporal em crianças e adolescentes, aprofundando as causas e consequências, para que se possam estabelecer estratégias preventivas, evitando-se, assim, possíveis riscos à saúde física e mental de nossas crianças e jovens. A prática do "culto ao corpo" é uma preocupação geral, atravessando todos os setores, classes sociais e faixas etárias, tendo como base um discurso estético ou de preocupação com a