Impacto da china no mundo
O CRESCIMENTO ECONÔMICO E A COMPETITIVIDADE CHINESA
Paulo Mansur Levy* Marcelo Braga Nonnenberg* Fernanda De Negri*
O forte crescimento da economia da China nos últimos 27 anos é fato amplamente conhecido. Já não constitui surpresa, portanto, a previsão para este ano de uma taxa de crescimento real de seu Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 10%. Da mesma forma, é conhecido por todos o extraordinário aumento da competitividade das exportações de produtos manufaturados chineses, deslocando rapidamente produtores tradicionais, inclusive de países desenvolvidos. Menos conhecidas e compreendidas, no entanto, são as causas desse processo. Dentre as causas apontadas, destacam-se os investimentos diretos externos (IDEs), em sua maioria voltados para exportação, transferindo tecnologia e fornecendo capital para o país, além do baixo custo da mão-de-obra associado ao relativamente alto nível de qualificação. Enfatizam-se também as medidas de política industrial, como os incentivos fiscais concedidos a setores determinados, a obrigação de as empresas multinacionais (EMNs) se associarem a um parceiro doméstico e a proibição de investir em certos setores, bem como a manutenção de uma taxa de câmbio fixa e desvalorizada estimulando as exportações. Todos esses fatores certamente contribuíram para o espetacular crescimento econômico chinês, mas estão longe de explicar adequadamente esse processo. Afinal, algumas dessas características estiveram presentes em diversos outros países e regiões sem que o efeito fosse nem ao menos parecido. Há uma dimensão em que o fenômeno chinês pode ser considerado como uma terceira onda do modelo asiático, após a do Japão, ainda na década de 1950, e a dos quatro newly industrialized countries (NICs) – Cingapura, Coréia do Sul, Hong Kong e Taiwan –, já na década de 1970. Essa dimensão é a ênfase no comércio internacional, talvez por todas se caracterizarem por dotação relativamente menos favorecida de recursos naturais. De