immanuel kant fundamentação da metafísica dos costumes
Kant inicia sua Primeira Seção afirmando que nada poderia ser pensado como bom que não fosse a Boa Vontade, pois só ela não teria limitações. Seria a Boa Vontade o grande regulador do bom uso dos talentos do espírito. Com isso pretende dizer que uma ação só seria moral se ela valesse por si mesma e não pelo efeito que se atinge através dela. E uma ação para valer por si própria deve ser efeito de uma Boa Vontade tomada como norma de conduta a partir de um princípio racional, incondicionado, portanto a priori.
Segundo Kant, a Boa Vontade constitui “a condição indispensável do fato mesmo de sermos dignos da felicidade”(12). Portanto só ela pode ser considerada boa ou má, pois ela agiria a partir de um princípio. Embora o senso comum tome como bons ou maus os efeitos desse princípio, nenhum conteúdo pode ser julgado dessa forma, e sim apenas o princípio que os reja e lhe dá causa. Dessa forma é a Boa Vontade que deve ser julgada, sempre por si mesma, independente de qualquer fruto gerado por ela ou qualquer proveito que a soma de nossas inclinações tirem de seus resultados.
Kant argumenta que o senso comum já toma a Boa Vontade como boa em si mesma, fato que apenas deva ser esclarecido, não precisando sequer ser ensinado. O senso comum teria a justa medida de como agir através da prática de uma razão que não precisa da teorização para estabelecer uma regra, embora a razão o possa fazer para que lhe garanta esclarecimento e estabilidade, extraindo-lhe e explicitando-lhe seus princípios norteadores.
Fosse apenas fim da moral a felicidade humana, bastaria apenas ao homem ser regido pelos seus instintos naturais para que suas ações estivessem em consonância com uma natureza que deveria dotar-nos da ordem mais adequada em nossas disposições para a finalidade a que se destina. No entanto, o homem solto aos seus instintos não sabe priorizar aquilo que lhe traga uma