Imagia, Magia e Imaginação
8912 palavras
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Imagem e texto — uma relação tensaLemos um texto, olhamos uma imagem. De modos muito diversos ambos comunicam. Tanto as palavras e as frases que lemos em um texto, quanto as formas e as cores que vemos na imagem expressam algo sobre o mundo.
A comparação entre imagem e texto é uma constante para aqueles que se dedicam à antropologia visual. Na verdade, esta é uma comparação antiqüíssima; desde Leonardo da Vinci, as diferentes formas de expressão artística, como a pintura e a poesia, são comparadas.
O termo texto tem uma acepção clara — as palavras de um autor expressas em livro ou em qualquer outro escrito — e deriva do latim textum, entrelaçamento ou tecido. Certamente são muitos os tipos de texto: acadêmico, literário, poético, jornalístico, publicitário e assim por diante. No entanto, em todos se percebe a tessitura das palavras do autor, mesmo quando este não é nomeado. Tal não ocorre com a imagem. Como bem observa Mitchell
(1986), as imagens também podem ser de vários tipos: gráficas (como as pinturas, as estátuas e os desenhos); óticas (como os reflexos no espelho e as projeções); perceptivas (como as aparências); mentais (como os sonhos, as memórias, as idéias); verbais (como as metáforas e as descrições). Vale notar que, de modo geral, textos remetem à autoria, ao passo que imagens são quase sempre remetidas ao referente que elas apresentam. Parece haver uma distância entre o texto e aquilo sobre o que ele fala; já as imagens estão sempre próximas do que apresentam. Barthes (1990:27) afirma que
“segundo uma antiga etimologia, a palavra imagem deveria estar ligada à raiz de imitari”.
Há algo na imagem que a afasta da racionalidade que tanto tem marcado as nossas ciências sociais. Parece-me absolutamente procedente a hipótese de Olgária Matos quando supõe uma origem comum, no persa antigo, para imagem e magia. Definida como “instância intermediária entre o sensível
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imagem, magia e imaginação
e o inteligível”, a