Ilhas canarias
Carlos Costa ccosta@ua.pt O desenvolvimento do turismo nas ilhas Canárias é um ‘case study’ que importa considerar para a realidade do turismo em Portugal. O turismo nas ilhas Canárias desenvolveu-se a partir da década de 60 devido a um conjunto de factores favoráveis: ilhas exóticas dominadas pelo vulcanismo; um clima favorável para uma cultura do ‘ócio’, devido às correntes atmosféricas favoráveis vindas do deserto do Sahara; algumas (poucas) praias naturais a que se foram juntando praias de areia ‘amarilla’ artificiais; uma economia frágil, baseada numa agricultura e pescas pouco competitivas; uma indústria desqualificada; recursos humanos e tecnologia obsoletas.
Este contexto pouco interessante em termos económicos, mas favorável em termos naturais e climáticos, tornou as ilhas Canárias num terreno fértil para o desenvolvimento do turismo.
As Canárias têm hoje cerca de 12 milhões de turistas, tantos quantos tem Portugal. São o segundo maior destino turístico em Espanha, mas são a quarta região mais pobre em termos de receitas geradas pelo turismo.
O ‘hipermercado’ do turismo das Canárias continua, mesmo assim, a crescer. As operadoras aéreas de ‘low cost’ continuam a trazer mais e mais turistas. Contudo, os empresários locais estão alarmados. As receitas descem de dia para dia. A economia do turismo espalha aglomerados urbanos em todas as direcções, de uma forma contínua e desordenada. A competição dentro e inter ilhas está a tornar-se sufocante: os empresários concorrem entre si ferozmente para atraírem os turistas que chegam, ‘blindando’ os seus ‘resorts’ à concorrência dos hotéis vizinhos, e vendo nos seus colegas autênticas ameaças ao seu negócio, numa economia de somas nulas. A forte pressão de um turismo ‘eucaplitpico’, tem secado os aquíferos: a água potável tem um saber salobro insuportável. Na Gran Canaria até o espaço que separava a ilha maior de uma pequena ilheta, foi aterrado … para que a construção pudesse