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A história do sangue não envolve apenas medicina, mas também cultura, mitologia e religião. Na Grécia antiga acreditava-se na teoria de Hipócrates que a saúde era mantida pelo equilíbrio entre os quatro humores do corpo: sangue, fleuma, bile amarela e bile negra. A sangria era um dos principais procedimentos médicos realizados, sendo utilizada para restabelecer o equilíbrio entre os humores.
Somente com as dissecções realizadas no século XVII, culminando com a descrição do sistema circulatório por William Harvey em 1628, os médicos perceberam que o sangue era um líquido que fluía através deste sistema.
Estudiosos ingleses e franceses iniciaram uma série de experimentos que consistiam na transfusão de sangue de um cão para outro, e de animais para humanos ocasionando muitas mortes. Em 1800 o obstetra inglês James Blundell realizou transfusões de sangue entre humanos, obtendo o impressionante resultado de sucesso em cinco de 10 casos.
No início do século XX, com a descoberta dos grupos sanguíneos ABO por Karl Landsteiner (1900), e do desenvolvimento de uma substância anticoagulante por Richard Lewisohns (1914), tornou-se possível a remoção de sangue de um doador e seu armazenamento por tempo suficiente para uma transfusão o mais compatível e segura possível na época.
Durante a Segunda Grande Guerra o sangue tornou-se um “bem estratégico”, assim como o petróleo, com o início da era do fracionamento em componentes. Assim, o sangue e seus derivados tornaram-se um produto de guerra, sendo enviado pelos EUA para tratar soldados aliados em todo o mundo. Este benefício não foi aproveitado completamente pelos soldados alemães, que possuíam estoque limitado de sangue, pois só aceitavam doações de arianos.
Após, houve grande crescimento da atividade hemoterápica mundial, tornando possível a realização de grandes cirurgias, transplantes e outros procedimentos que necessitavam grande volume de sangue e derivados, além do