ICC - Insuficiência Cardíaca
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Insuficiência Cardíaca
Congestiva Descompensada
Antônio Aurélio Fagundes Júnior
Introdução
A incidência de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) vem aumentando nas últimas décadas, principalmente pelo envelhecimento progressivo da população e pelo aumento de sobrevida em pacientes portadores de comorbidades que culminam em ICC, como insuficiência coronariana e hipertensão arterial. Da mesma forma, o tratamento sofreu grandes mudanças, com progresso nos últimos anos, inicialmente devido ao melhor entendimento da fisiopatologia e posteriormente devido ao efeito benéfico de fármacos, comprovados por grandes estudos.
Entretanto, o estudo da insuficiência cardíaca aguda ficou relegado a segundo plano inicialmente, de forma que os maiores registros e ensaios surgiram na última década.
Somente em 2005 foi publicada a I Diretriz Latino-Americana para avaliação e conduta na insuficiência cardíaca (IC) descompensada. Devido à crescente demanda de internações e à dificuldade no manejo clínico desses pacientes, o tema ganha cada vez maior importância clínica, social e econômica.
Epidemiologia
A IC tem alta prevalência e grande impacto na morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo, tendo se tornado um problema de saúde pública de proporções epidêmicas1.
Dados do estudo de Framinghan evidenciam que a ocorrência da doença se eleva progressivamente em ambos os sexos de acordo com a idade, atingindo mais de 10 casos anuais por 1.000 septuagenários e 25 casos anuais por 1.000 octogenários.
Os dados mais atuais da literatura mundial são baseados nos registros Adhere2 e Optimize-HF3, que revelam uma média de idade de 72 anos para os pacientes com
IC aguda, sendo 48% deles do sexo masculino, 75% a 87% dos pacientes com história prévia de ICC. Metade tem fração de ejeção normal, um terço tem fibrilação atrial ou insuficiência renal, 40% são diabéticos e menos de 3% tem pressão sistólica inferior a 90 mmHg. Os dados do NHDS (National Hospital