HUMUNAS
Robert Oppenheimer, o pai da bomba atômica, notou, alguns anos após fim da Segunda Guerra Mundial, que “90% dos sábios e engenheiros que ahumanidade produziu desde que ela existe estão vivos atualmente, sendo que quase metade deles vive nos Estados Unidos”.
A observação de Oppenheimer praticamente dispensaesclarecimentos sobre as relações entre conhecimento científico e poder. Toda a ciência está embebida de política. A crença de neutralidade do saber científico serve apenas para isolar oscientistas e técnicos da vida política e aliena-lo do uso social que é feito dos conhecimentos que eles produzem.
Mas há uma diferença fundamental entre as ciências chamadas “naturais”(a Física, a Química, a Biologia...) e as ciências humanas (a História, a Geografia, a Sociologia, a Economia...). Enquanto nas ciências naturais a política e a ideologia exerceminfluência decisiva, principalmente no momento da aplicação dos conhecimentos, do uso social do saber, nas ciências humanas a política e a ideologia estão presentes no próprio processode produção de conhecimento, já que elas são as matérias-primas de trabalho do cientista.
Nessas condições, as conclusões produzidas pelas ciências humanas são realmente verdadescientíficas ou não passam de opiniões políticas, visões de mundo particulares de cada cientista?
CIÊNCIAS NATURAIS E CIÊNCIAS HUMANAS
Para discutir esse problema, é preciso, antesde tudo, evidenciar as diferenças entre ciências humanas e as ciências naturais.
A primeira importante diferença reside nas técnicas que cada uma delas emprega para entender arealidade. Enquanto as ciências naturais procuram reproduzir em laboratório as condições presentes na realidade e daí extrair leis válidas para o mundo exterior, as ciências humanas