humanismo
Humanismo
>> Leia atentamente o seguinte texto de Gil Vicente para responder às questões 1 e 2.
Auto da Feira
DIABO: Eu vendo perfumaduras, que, pondo-as no embigo, se salvam as criaturas.
Às vezes vendo virotes,
e trago d’ Andaluzia naipes com que os sacerdotes arreneguem cada dia, e joguem até os pelotes.
SERAFIM: Não venderás tu aqui isso, que esta feira é dos ceos: vae lá vender ao abisso, logo, da parte de Deus!
DIABO: Senhor, apello eu disso.
S’ eu fosse tão mao rapaz que fizesse força a alguem, era isso muito bem; mas cada hum veja o que faz, porque eu não forço ninguem.
Se me vem comprar qualquer clérigo, leigo ou frade falsas manhas de viver, muito por sua vontade; senhor, que lh’ hei de fazer?
E se o que quer bispar
ha mister hypocrisia e com ella quer caçar, tendo eu tanta em porfia, porque lh’ a hei de negar?
E se hua doce freira vem à feira por comprar hum inguento, com que voe do convento; senhor, inda que eu não queira, l’ hei de dar aviamento.
VICENTE, Gil. Obras de Gil Vicente. Porto: Lello & Irmãos, 1965. (Fragmento).
ORIGENS EUROPEIAS • 2
Perfumaduras: relativos a perfumes.
Virotes: pequenas setas, dardos.
Arrenegar: deixar-se, no texto é como se os padres nada mais fizessem que jogar cartas o dia todo.
Té: até.
Pelotes: antiga espécie de casaco masculino sem mangas. Provavelmente o excesso no jogo faria com que os clérigos apostassem até suas roupas.
Abisso: precipício, abismo, profundezas.
Perfia: porfia, continuamente.
Inguento: unguento, essência utilizada para perfumar o corpo.
Aviamento: expediente para se executar ou concluir algo.
1. No trecho reproduzido, duas personagens, o Serafim e o Diabo, iniciam uma discussão porque o Diabo insiste em vender seus “produtos” na feira representada no auto. Como costumava fazer em suas peças, Gil Vicente, nesse auto, faz uso de alegorias: o Serafim e o Diabo são representações alegóricas do bem e do mal, respectivamente.
4 A partir do trecho, descreva como