Homilia
Irmãos e Irmãs
Após uma caminhada quaresmal, onde nos recolhemos para uma profunda meditação sobre a paixão, morte e ressurreição de nosso senhor Jesus Cristo, com a celebração de domingo de ramos, onde rezávamos a entrada triunfante de Cristo em Jerusalém, que fora aclamado como rei: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!”, (Lc 19,38); iniciamos a Semana Maior, a Semana Santa. E celebramos hoje, unidos a Igreja do mundo inteiro, a Paixão de Cristo, a morte Daquele que nos deu a vida. Nesta celebração, marcada na hora em que Cristo entrega seu espírito ao Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito” (Lc 23,46), somos convidados a interiorizar este momento e adorarmos a Cruz daquele que nos remiu por seu sangue, a Cruz que pela morte nos trouxe vida, e vida em plenitude.
Este é ainda o primeiro dia do Tríduo pascal. O que Jesus realizou ontem nos ritos da Ceia, ele hoje realiza na dureza da Cruz: entregou-se totalmente por nós, consumou por nós a sua vida, numa total entrega ao Pai, para nos reconciliar com Deus.
Esta belíssima Liturgia é solene e dramática. Altar desnudo, cruzes veladas ou retiradas da igreja, nenhum ornamento. Quase não há palavras para exprimir o estupendo mistério que celebramos: o eterno Filho, Deus santo, vivo e verdadeiro, nesta tarde sacratíssima, por nós se entregou ao Pai, em total obediência, até a morte, e morte de cruz!
Como nos exprime a Liturgia das Horas a Paixão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é para nós penhor de glória e exemplo de paciência (VL II. p. 376). Quem é Cristo se não aquele que “no princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus: e a palavra era Deus?” (Jo 1,1). Essa Palavra de Deus “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Se Jesus não tivesse tomado a nossa natureza humana e se feito homem, Ele não poderia se entregar em uma cruz até a morte