Homicídios na cidade de são paulo
A desigualdade no acesso a bens e serviços públicos de educação, saúde, lazer, cultura e segurança, aliada a práticas de injustiça, discriminação e violência policial compõem no Brasil o cenário da exclusão, que parece sustentar o chamado ciclo da violência (21).
Paralelamente ao crescimento do crime e da violência urbana nas décadas de 1980 e 1990, aumentou a violência das instituições policiais (polícia civil e polícia militar) responsáveis pelo controle do crime e da violência (21). As áreas em que há maior incidência de homicídios, em que existe maior superposição de carências, onde a população não tem acesso a direitos fundamentais e onde as polícias se mostram incapazes de controlar o crime e a violência também registram uma maior incidência de violência policial. São áreas em que a população está altamente exposta a dois tipos de violência, do crime e da polícia, que se alimentam mutuamente e intensificam o processo de exclusão social — áreas que Pinheiro caracterizou como zonas de “não-estado de direito” e de “democracia sem cidadania”, e que demonstram as limitações do processo de consolidação democrática no Brasil (22–24).
OBJETIVO GERAL
Neste estudo, pretendemos abordar essas questões, partindo da hipótese de que as áreas com concentração de desvantagens sociais concentram também maiores números de vítimas fatais da ação policial e maiores coeficientes de mortalidade por homicídio.
O nosso objetivo principal é analisar a associação entre a vitimação fatal resultante da ação policial e os coeficientes de mortalidade por homicídio no Município de São Paulo.
OBJETIVO ESPECÍFICO
JUSTIFICATIVA
Ao longo das duas últimas décadas, especialmente a partir de meados da década de 1980, a produção acadêmica sobre violência no Brasil vem crescendo e se consolidando no cenário internacional. Esse movimento se justifica não somente pelo crescimento da violência urbana, como também pela perpetuação de graves violações de direitos humanos, seja