Homero e Hesíodo
“ A passagem do mito à razão significa precisamente que já havia, de um lado, uma lógica do mito e que, de outro lado, na realidade filosófica ainda está incluído o poder do lendário.” François Châtelet
Espanto, admiração, dúvida, temor, especialmente diante dos fenômenos da natureza. Essa foi provavelmente a situação em que se encontraram os primeiros exemplares da espécie sapiens, a nossa espécie, cujo progresso hoje ameaça a continuidade de sua sobrevivência no planeta. Todas as espécies vivas precisavam sobreviver. E a sobrevivência está ligada diretamente ao reconhecimento do ambiente, para dele fazer uso ou dele proteger-se. Naquela época, na falta de explicação de base racional, as explicações eram mitológicas. Segundo Marilena Chaiuí: “ mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (da natureza ou dos grupos de homens)... É um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra”. Cabia ao mito fazer com que o homem não se sentisse um estranho em seu mundo, fornencendo-lhe explicações que pudessem, além de aplacar-lhe o medo, dar significado a sua própria existência e a algumas intervenções: o trabalho e a guerra, as punições dos deuses, etc. Pode referir-se também a um “dever ser”, ou seja, ao modo como os homens devem se comportar em vista do que é melhor, indicando, assim, uma ética ou um padrão de comportamento. A função do mito não é propriamente explicar a realidade, mas permitir ao homem que se sinta mais tranquilo e seguro diante do desconhecido, oferecendo-lhe algumas referencias para suas ações, referencias estas que emanam dos deuses, semideuses e de outras divindades que habitavam o Olimpo e que estavam além e acima de todas as coisas. Através dos