Homens no curso de Pedagogia?
É curioso notar como as pessoas reagem quando digo que estudo Pedagogia. Imagino que a primeira ideia que se apresenta em suas mentes é: “como pode um homem fazer pedagogia?”. A meu ver, a pergunta é fruto de dois motivos principais: a desvalorização da carreira docente e a concepção de que educar é tarefa essencialmente feminina.
Ainda é forte a tendência de pais e gestores acharem que homens não devem lecionar em creches. Ao passar em concursos públicos, professores homens precisam provar suas habilidades na hora das trocas de fraldas e do banho, além de ter sua sexualidade posta em dúvida.
Estudos recentes sobre gênero e docência masculina confirmam que já se foi o tempo em que educar uma criança era sinônimo exclusivamente de cuidar, dar banho, trocar fraldas, fazer o lanche, etc. Hoje, diante de propostas novas que sugerem a desconstrução do conceito de masculinidade, definida por Pedro Paulo de Oliveira (FERRAZ, [2006] apud OLIVEIRA, 2004) como uma significação social, um ideal culturalmente elaborado, é preciso reconsiderar a presença de homens na docência da Educação Infantil. Vale ressaltar aqui que as relações de gênero vão muito além das questões de sexo, de masculino e feminino.
Durante muito tempo a educação foi responsabilidade da mulher já que esta era possuidora de “dons naturais para cuidar”, tornando a educação infantil uma vocação e não uma profissão (SAYÃO, 2005). Entretanto, as definições de educação infantil foram assumindo corpo e forma ao longo dos anos e, em 1988, foi incorporada na Constituição Federal no capítulo Educação (SALVADOR), sendo mais bem explicada e organizada na LDB 9.394/96.
Assim, o número de homens nos cursos de Pedagogia, apesar de ser muito pequeno, vem crescendo a cada ano, o que indica uma mudança cultural na aceitação do homem nas salas de Educação Infantil.
Além disso, as construções mentais feitas durante séculos dão conta de que estudar para ser professor é ruim, feio e não