Homem, cultura e sociedade
A primeira definição de cultura que foi formulada do ponto de vista antropológico pertence a Edward Tylor. Tylor procurou, além disto, demonstrar que cultura pode ser objeto de um estudo sistemático, pois se trata de um fenômeno natural que possui causas e regularidades, permitindo um estudo objetivo e uma análise capazes ele proporcionar a formulação de leis sobre o processo cultural e a evolução.
Buscando apoio nas ciências naturais, pois considera cultura como um fenômeno natural, Tylor escreve:
Nossos investigadores modernos nas ciências de natureza inorgânica tendem a reconhecer, dentro e fora de seu campo especial de trabalho, a unidade da natureza, a permanência de suas leis, a definida sequência de causa e efeito através da qual depende cada fato. Nem mesmo no estudo das estruturas e hábitos das plantas e animais, ou na investigação das funções básicas do homem, são ideias desconhecidas. O mundo como um todo está fracamente preparado para aceitar o estudo geral da viela humana como um ramo ela ciência natural (...). Para muitas mentes educadas parece alguma coisa presunçosa e repulsiva o ponto de vista de que a história da humanidade é parte e parcela da história da natureza, que nossos pensamentos, desejos e ações estão em acordo com leis equivalentes àquelas que governam os ventos e as ondas, a combinação elos ácidos e das bases e o crescimento das plantas e animais.
Neste sentido, ainda na segunda metade do século XIX, Tylor se defrontava com a ideia da natureza sagrada do homem, daí as suas afirmações no final do texto acima e a sua preocupação expressa no seguinte:
Mas outros obstáculos para a investigação das leis da natureza humana surgem das considerações metafísicas e teológicas. A noção popular do livre-arbítrio humano envolve não somente a liberdade de agir de acordo com motivações, mas também o poder de quebrar a continuidade e de agir sem causa — uma combinação que pode ser grossamente ilustrada pela