Artigo sobre alfabetização e letramento eulália maimoni
Família e escola: uma parceria necessária para o processo de letramento
Eulália H. Maimoni[1]
Ormezinda Maria Ribeiro[2]
Compreender, na perspectiva discursiva, não é, pois, atribuir um sentido, mas conhecer os mecanismos pelos quais se põe em jogo um determinado processo de significação.
(Orlandi, 1993, p. 117)
Nossa atenção, neste artigo, estará especialmente voltada para as questões que envolvem as práticas de leitura e escrita na escola e como a família interfere nesse processo. Dois aspectos são essenciais a essa reflexão: as concepções de letramento que subjazem a essa prática e como a família tem contribuído para a mudança ou para a cristalização das práticas escolares de leitura e escrita que emergem dessas diferentes concepções. A maneira como encaramos nosso objeto de estudo interfere no modo como lidamos com ele, portanto, para iniciarmos nossa reflexão é fundamental que façamos alguns questionamentos. Assim, começaremos indagando: o que é ler? A família do educando compreende o sentido de leitura tal como a escola a qual confia a educação de seu filho? De que forma e quando se pode considerar uma pessoa letrada em vez de alfabetizada e, principalmente, qual a diferença entre ser alfabetizado e ser letrado? Pautaremos nossas reflexões tentando responder a essas questões empregando um caminho oposto: partiremos da última questão apresentada para chegarmos a primeira, de modo a suscitar a compreensão de um ponto crucial a nossa reflexão, o que é ler. Uma pessoa pode ser considerada alfabetizada se aprendeu a ler e escrever, mas não se apropriou da leitura e da escrita, incorporando as práticas sociais que as demandam. Aquele que decodifica os sinais gráficos, que reconhece as letras e as copia de forma legível, pronuncia os sons que elas representam, mas não saem desse