Holocausto nosso de cada dia
Jeferson Wruck Desumano, maligno, diabólico, uma nódoa eterna para a humanidade. O Holocausto da II Guerra está entre os fatos históricos cuja lembrança carrega o maior número de sentimentos negativos. Há quem deseje negar sua existência. Há quem alegue teorias conspiratórias. Mas poucos, e talvez ninguém em pleno gozo das faculdades mentais, o defendem abertamente e tentem justificá-lo. Declarado ou tácito, um novo mandamento emergiu após a Guerra: “Não farás Holocausto”. A propaganda antissemita e os discursos inflamados de Hitler são vistos, hoje, com repúdio. Mera menção ao nazismo ativa mecanismos psicológicos de ojeriza total. Ser comparado ao füher é equivalente a ser alvejado por todo coletivo de injúrias e imprecações que a língua humana pode articular. Ninguém quer ser Hitler ou seus sectários. E com muita razão! Confiamos que os cruentos exemplos que a História nos legou vão operar no sentido de nos precaver da reincidência terrível do Mal. Usando todos os mecanismos disponíveis levantamos barreiras para impedir assassinatos, roubos, estupros e toda manifestação daquilo que julgamos inconveniente para a sociedade. Criamos leis, campanhas na mídia, força policial, dispositivos de segurança. Investimos em educação por que julgamos ser o meio mais eficaz de repelir a maldade. Não obstante, o mal ainda persiste entre nós, pois não salta muralhas, mas esgueira-se pelas brechas. O mal mais terrível não se apresenta como MAL. O mal é perigoso por ser banal. Enquanto judeus eram dizimados, boa parte (a maior parte) da população alemã era conivente com o reich. Ou apoiavam francamente a “solução para o problema judeu”, ou simplesmente eram indiferentes ao que acontecia com eles. Pode-se argumentar que o povo comum desconhecia a realidade dos campos de concentração, e ainda assim sua responsabilidade não é menor. Afinal, ninguém acreditara que os judeus estavam sendo levados para colônias de férias e que haviam doado