Hoje não é dia de flores e bombons
Nestes breves comentários pretende-se reavivar as cores fortes e não o rosa claro, que representa o Dia Internacional da Mulher.
Começando por uma distinção importante, se o sexo é biológico, o gênero é sociológico, posto que este é constituído por sentimento, comportamento e atitudes vinculadas ao sexo masculino ou feminino. A identidade de gênero por sua vez, é a identificação com um sexo em particular, onde a adoção de um papel de gênero significa comportar-se como a sociedade amplamente reconhece ser o agir do homem ou da mulher. E aqui começa a longa jornada das mulheres ...
O papel tradicional da mulher como sendo mais fraca que o homem, menos capaz, ou sempre delicada, cordial, passiva e subordinada, mero objeto do desejo masculino é reforçado no imaginário feminino desde a infância, quando nas histórias infantis as princesas estão sempre à espera do homem, do príncipe encantado, forte e poderoso.
A reprodução de uma ideologia de gênero desigual começou a ser construída por volta de 4.300 a 4200 a.C., pelas sociedades antigas da velha Europa, porque antes disso, homens e mulheres eram mais ou menos iguais, a deusa da fertilidade e da criação tinha primazia e a linhagem de parentesco era pelo lado da família materna.
Para os construtivistas sociais, a desigualdade de gênero não é uma conseqüência natural de diferenças biológicas entre homens e mulheres, mas é derivada “de três circunstâncias histórico-sociais principais: o surgimento de guerras e conquistas de longa distância, o desenvolvimento da agricultura de arado e a atribuição das mulheres à esfera doméstica e dos homens à esfera pública durante o início da era industrial.”1
Essa ideologia da “natural” desigualdade de gênero construída pela sociedade e reproduzida pela mídia repercute de forma cruel na diferença de oportunidades de vida, de trabalho, de salários e da conivência com a violência. Conseqüentemente, às distorções das relações sociais