hiv feto
Ortigão, M. B.
AIDS em Crianças: Considerações Sobre a Transmissão
Vertical
AIDS in Children: Observations on Vertical Transmission
Maria Beatriz Ortigão1
ORTIGÃO, M. B. AIDS in Children: Observations on Vertical Transmission. Cad. Saúde Públ.,
Rio de Janeiro, 11 (1): 142-148, Jan/Mar, 1995.
This paper seeks to review the epidemiological aspects of the acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) in children and the vertical transmission of the human immunodeficiency virus
(HIV). The modes of mother-to-infant transmission are discussed, including physiopathological aspects of HIV infection in utero, during, and/or after delivery.
Key words: AIDS; HIV; Infection; Children; Epidemiology; Vertical Transmission
INTRODUÇÃO
EPIDEMIOLOGIA
A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
(AIDS) infantil foi reportada pela primeira vez ao Centro de Controle de Doenças (CDC –
Atlanta) em 1982, um ano após a descrição inicial da nova doença em adultos. De forma análoga ao que era observado nos adultos infectados pelo HIV, aquelas crianças apresentavam alterações da função imune, acarretando uma maior predisposição a infecções do que nos indivíduos-controles da mesma faixa etária. À medida que mais casos de crianças com sintomatologia semelhante foram surgindo, tornou-se evidente que tais pacientes apresentavam em comum mães infectadas pelo HIV.
Desde então, a incidência de infecção pelo HIV em crianças vem aumentando em função da disseminação da infecção a mulheres em idade procriativa. Até o presente, como ainda não foram desenvolvidos tratamentos curativos nem uma vacina anti-HIV eficaz, a melhor estratégia para combater a infecção perinatal continua sendo a prevenção, o que torna fundamental a compreensão dos mecanismos de transmissão.
Aproximadamente 75 a 80% das crianças portadoras do HIV são infectadas por transmissão vertical. Os demais 20 a 25% adquirem a infecção por transfusão de sangue ou derivados e,