Atualmente estamos mergulhados em uma sociedade que cada vez mais produz imagens, sons e vídeos. Mais sofisticados são os métodos para se produzir um filme, um documentário e dessa forma o cinema também vem se atualizando dentro desse contexto, com uma tecnologia mais avançada. Porém, mesmo reconhecendo-se que a sociedade do século XXI está repleta do áudio-visual, para a historiográfica, usar filmes e imagens de forma geral como fontes ainda é algo inovador, que requer muita dedicação e atenção. Foi somente a partir do século XX que se pôde observar uma grande difusão dos meios de comunicação e, em especial do cinema, que era usado como uma forma de atração de feira, ainda muito direcionado para a grande massa da população. Até então, os documentos visuais eram muito marginalizados pelos historiadores, e a Iconografia, por exemplo, tornava-se sempre como um anexo na bibliografia. Esse quadro só começou a mudar por volta da década de 60 e 70, quando o grupo dos Annales começaram a colocar em pauta a diversificação das fontes e métodos a serem utilizados na pesquisa histórica, ampliando o conteúdo do conceito de documento e, sobretudo destacando uma necessidade de crítica do documento. Foi nesse contexto de diversificação de meios para se estudar o passado que o cinema foi inserido como uma fonte histórica. Trabalhar com o cinema na pesquisa histórica exige uma particularidade de métodos para se analisar a fonte, que gira em torno de questões como o que a imagem reflete, se ela é uma expressão da realidade ou somente uma representação, o grau de manipulação que pode estar embutido nessa imagem, dentre outras. Para aquele que deseja usar o cinema na pesquisa historiográfica, é importante perceber que ele nunca é um reflexo exato e imediato do real e que com uma visão mais aguçada é possível observar que o filme excede seu próprio conteúdo. Não se deve olhar para o filme esperando uma cópia da realidade, pois existe todo um jogo de manipulação ideológica nas