História do Brasil

É possível relacionar os movimentos militares no Brasil - e seu ponto máximo, o regime ditatorial de 1964 - aos desdobramentos políticos internacionais do pós-Segunda Guerra. Já no ano de 1945, o Brasil encerrou a ditadura varguista do Estado Novo e no ano seguinte promulgou uma nova Constituição, que garantia caráter democrático à sociedade brasileira. Neste período que vai desde 1946 à 1964, pode-se observar o crescimento nos tensões internacionais na nova ordem bipolarizada (Estados Unidos x União Soviética) e também o alinhamento brasileiro à ideologia norte-americana, rompendo relações com os soviéticos. Com a "abertura" político-partidária nacional, um partido de oposição a Vargas foi oficializado; a UDN, União Democrática Nacional, passou a representar os interesses da burguesia e da classe média por uma economia de livre concorrência, aberta aos capitais nacionais e contrária a política populista do governo anterior. Este partido contou notadamente com a adesão por parte dos militares, tendo perdido três eleições para a presidência seguidas (1945, 1950 e 1955) e vencendo uma (1960), onde apoiou Jânio Quadros. Quatro anos depois, participou do apoio ao Golpe Militar. Durante essas quase duas décadas, em âmbito internacional, o mundo vivia o terror da Guerra Fria. Os EUA haviam adotado a doutrina francesa do "inimigo interno"; visto que já não havia mais o perigo do uma potência imperialista, o inimigo mais temido passou a ser o próprio cidadão que se opunha aos princípios da democracia americana, chamado de comunista. Aliado a isso, o "homeland security", ou a doutrina da segurança nacional, garantia o uso das forças armadas na intervenção política e econômica. Por influência dos militares brasileiros que haviam ido se especializar em território estadunidense, a ideia da "defesa nacional" se arraigou à política brasileira, de forma que em 1949 foi criada a Escola Superior de Guerra (ESG). Após a sucessão de eventos que antecederam o Golpe Militar de