História do Alfabeto
No começo, eram os pictogramas. A escrita era feita com o desenho das coisas, representando as palavras usadas para designar essas coisas. Os nomes dos caracteres eram os nomes das próprias coisas. Essa escrita, chamada ideográfica, era fácil de ser entendida em muitas línguas. Com o passar do tempo, no entanto, viu-se que havia um grande problema: os símbolos eram muito numerosos, assim como a relação de coisas a serem representadas, que se tornavam cada vez mais complexas. Os pictogramas cederam lugar para os silabários, sinais representando os sons das sílabas. Mudou o ponto de partida da escrita, que passou do significado para o som das palavras, de ideográfica a fonográfica. Com isso, houve uma redução enorme no número de caracteres necessários à composição de palavras. E outra modificação importante ocorreu: os nomes dos caracteres foram perdendo a relação de conotação com as coisas representadas e adquirindo significado próprio. Mas na prática, as coisas não aconteceram de modo tão perfeito, nem a escrita apareceu ao mesmo tempo em todos os povos, o que torna essa história ainda mais fascinante. Os sistemas silábicos do Oriente Médio vieram da escrita Suméria (iniciada por volta de 3200 a.C.), que se transformou em cuneiforme com o domínio da civilização acadiana (2000 a 600 a.C.). Os dois pólos mais importantes de irradiação dessa escrita foram as civilizações babilônica e assíria da Mesopotâmia. Os acadianos, assim como os egípcios, falavam uma língua semítica, ramo ao qual pertencem hoje o árabe e o hebraico. O sistema de representação consonantal dos semitas durou milênios: só a escrita egípcia durou três mil anos. É claro que os sistemas de escrita não usam apenas um procedimento de representação. A própria escrita egípcia, basicamente do tipo consonantal, utilizava também símbolos ideográficos, determinativos semânticos e fonéticos. Os semitas das grandes civilizações estavam satisfeitos com