História da família
Nos meios acadêmicos existem alguns nomes que se definem, sem ser necessário qualquer apresentação ou explicação para sabermos de quem estamos falando como Thompson, Hobsbawn, Le Goff, Bloch, entre tantos outros. São nomes de pessoas que se consagraram por seu trabalho, e sempre que são citadas acendem nossa memória e sabemos da bagagem que há por trás dessas palavras. (Giovanni) Levi certamente é um desses nomes. A palavra “Levi” para historiadores significa história social, análise econômica, relação centros-periferias (com devido destaque ao plural) e micro-história. Mas o protocolo acadêmico pede que façamos as devidas apresentações do autor e obra antes de iniciarmos qualquer resenha. O judeu Giovanni Levi comumente é tido como um historiador que busca entender as redes sociais através da economia. Mas, como o próprio já esclareceu[2], sua maneira de compreender a realidade é através de uma ciência social única. As divisões que prevalecem nessa “ciência única” são exclusivamente feitas por fins didáticos e acadêmicos: economia, política e cultura (e qualquer outra macro estrutura que possa se mostrar relevante) agem na sociedade ao mesmo tempo. Isso explica porque em Herança Imaterial ao tentar analisar a trajetória de um exorcista do Piemonte no século XVII, Levi consegue situar a vida política, as relações sociais, as regras econômicas e as situações psicológicas nesse recorte geográfico (aldeia de Santena, no Piemonte, Itália). Se levarmos em conta que tudo isso é feito sobre o baluarte da micro-história, as considerações de Levi são potencializadas ainda mais. A micro-história é uma corrente de pesquisa[3] fundada, ou pelo menos popularizada, por Edoardo Grendi, Carlo Ginzburg e Giovanni Levi. Através de um recorte microscópico, busca-se