Historicidade
Cada homem tem a sua trajetória. Esta teve um início e terá um fim. E o homem sabe disto, pelo menos vagamente. Enquanto goza de boa saúde e o mesmo se dá com seus familiares e amigos, a morte não preocupa. Contudo, não consegue distrair-se inteiramente deste seu “ser-para-a-morte”. Fica uma angústia difusa, mais inconsciente que consciente, que também tem um efeito positivo. Desperta a busca de razões de viver. O ser humano não quer apenas viver, mas também justificar a sua vida, descobrir e assumir o sentido da vida. Este esforço de, simultaneamente, manter-se vivo e interiorizar o sentido da vida constitui a essência da história individual.
Esta história individual participa da história coletiva. Até certo ponto é válida a ideia de que a tomada de consciência de mim mesmo passa pela tomada de consciência da história universal; que assumo a responsabilidade do meu próprio destino, assumindo a responsabilidade pelo destino da humanidade.
Mas, se o indivíduo só pode realizar-se, dando a sua colaboração para o bem dos outros, se as histórias individuais tecem uma história coletiva, para onde queremos que a humanidade se oriente, na sua marcha para o futuro? Que tipo de mundo nós queremos ajudar a construir?
Vamos basear nossa análise em cinco pontos: Três que tratam de traços peculiares do ser humano: 1- Temporalidade e tempo, 2- Historicidade, 3- Consciência histórica. Outros dois pontos aplicaremos as noções conquistadas a problemas mais amplos: 4- Sobre o sentido da história e 5- O significado do estudo da história.
1. Temporalidade e Tempo
O homem não é apenas o adulto, mas também a criança, o jovem e o ancião. Cada indivíduo ao longo de sua vida percorre uma série de fases, caso esta não seja interrompida por uma morte precoce. O modo de ser homem, as suas chances e as suas dificuldades, são diferentes em cada fase. Mas sempre continua sendo o mesmo homem.
Esta figura linear é acompanhada por variações da natureza