Execuções publicas eram uma forma de demonstrar a autoridade do rei sobre seus súditos.Essa intrigante obra de história traz à tona uma série de narrativas da França do século XVI. As "cartas de perdão" que Natalie Davis analisa eram recursos retóricos de criminosos para conseguirem o perdão real, mas demonstram ser também elos com o passado que a autora consegue resgatar com maestria, traçando paralelos entre história, literatura e direito.Esse livro é surpreendente! Trata-se de um análise histórica empreendida pela autora acerca das chamadas cartas de remissão que as pessoas comuns escreviam aos Reis pedindo absolvição pelos homicídios que elas cometiam. A maioria, senao todos os crimes, aconteciam por motivos banais, quase inacreditáveis. Frutos de ofensas, adultérios, provocações, desconfianças. Até parece que Dalton Trevisan bebeu dessa fonte! O barato é que as histórias de violencia eram descritas nas próprias petiçoes endereçadas à sua majestade com detalhamentos da própria ação criminosa assim como sua motivação, e se configuravam como legítimas e irresistíveis narrações. E, maior mérito do livro e o motivo pelo qual deve ser lido por qualquer pessoa, a abordagem do assunto torna toda a coisa não apenas chocante em determinados momentos, mas sobretudo muito, mas muito engraçada. Olha que coisa: um barbeiro estava participando de uma procissão para celebrar a ressureição de Cristo, representando o próprio na encenação, quando ao passar por um certo conhecido, este zombou dele sem motivo algum aparente dizendo: "'Vejo Deus na Terra. Será que teu membro viril e vergonhoso ficou duro enquanto fazias o papel de Deus?'. E proferiu as citadas palavras de forma indecente, arrogante e contrária à honra da cristantade. Às quais o citado requerente respondeu que 'o seu não estava nem muito rijo nem muito quente e que ele era um capado'". Vê se pode uma coisa dessa... Precisa dizer que a refrega terminou em sangue?Uma viagem no tempo, Histórias de Perdão nos apresenta