historia 77 o fio magico
Era uma vez uma viúva que tinha um filho chamado Pedro. O menino era forte e saudável, mas não gostava de ir à escola e passava todo o tempo a sonhar acordado.
— Pedro, com o que estás sonhar a uma hora destas? — perguntava-lhe a professora. — Estava a pensar no que serei quando crescer — respondia ele.
— Sê paciente. Tens muito tempo para pensar nisso. Depois de crescido, nem tudo é divertimento, sabes? — dizia ela.
Mas Pedro tinha dificuldade em apreciar alguma coisa que estivesse a fazer no momento e ansiava sempre pelo que vinha a seguir. No Inverno, ansiava pelo retorno do
Verão; no Verão, sonhava com passeios de esqui e trenó. Na escola, ansiava pelo fim das aulas, para poder voltar para casa; e, nas noites de domingo, suspirava dizendo: “Ah, se as férias chegassem depressa!” O que mais o entretinha era brincar com a amiga Lise. Era uma companheira tão boa como qualquer rapaz e a ansiedade de Pedro não a afectava nem ofendia. “Quando crescer, vou casar-me com ela”, dizia Pedro consigo mesmo.
Costumava perder-se em caminhadas pela floresta, sonhando com o futuro. Às vezes, deitava-se ao sol sobre o chão macio, com as mãos postas sob a cabeça, e ficava a olhar o céu através das copas altas das árvores. Uma tarde quente, quando estava quase a adormecer, ouviu alguém a chamar por ele. Abriu os olhos e sentou-se. Viu uma mulher idosa, de pé, à sua frente. Ela trazia na mão uma bola prateada, da qual pendia um fio de seda dourado.
— Olha o que tenho aqui, Pedro — disse ela, oferecendo-lhe o objecto.
— O que é isso? — perguntou, curioso, tocando o fino fio dourado.
— É o fio da tua vida — retrucou a mulher. — Não toques nele e o tempo passará normalmente. Mas, se desejares que o tempo ande mais depressa, basta dares um leve puxão ao fio e uma hora passará como se fosse um segundo. Mas devo avisar-te: uma vez que o fio tenha sido puxado, não poderá ser colocado de volta dentro da bola. Ele desaparecerá como uma nuvem de fumo. A bola é tua. Mas se