Histeria, investimento e elaboração - feridas abertas ao sujeito e sua ambivalência psicossomática em análise
Ricardo Norberto Mateus Sariedine Universidade Federal de Goiás
Sigmund Freud através de sua criação, a Psicanálise, foi capaz de identificar e analisar a complexa fragilidade descrita pela irredutível somática advinda dos conflitos neuróticos e assim, o corpo (primitivo) humano (contemporâneo) torna-se a olhos vistos uma imprevisível referência do sujeito que padece. A complexidade apresentada no processo de análise, por vezes já iniciada e limitada pela sabedoria médica, com diagnósticos “precisos” e receitas farmacológicas modernas compõe-se tal qual, um centro de dor, manipulando as características de vida e os pensamentos do paciente, arquitetando-o sem limites ou respostas satisfatórias e conclusivas.
Inicio esta introdução permeando o foco deste projeto de pesquisa, explico mais: Os pacientes que aqui estarão em destaque apresentam um quadro clínico crônico denominado Úlcera de Perna, que se caracteriza basicamente e comumente por conjuntos de feridas abertas e consequentemente pela literal perda de tecido tegumentar, podendo atingir tecidos subjacentes, que em sua maioria, aflige as extremidades dos membros inferiores, cuja causa física está geralmente relacionada ao sistema vascular arterial ou venoso do paciente.
As condições apresentadas na literatura pelos pacientes são vitalícias, a indícios que o sujeito inevitavelmente absorve de forma imediata e intrínseca tal acometimento e condicionamento físico. Aqui, irei delinear e vislumbrar tal processo criativo e mantenedor da doença pela ótica do psicossomático, baseado fundamentalmente nos escritos de Freud, percorrendo uma estrada já trilhada de certa maneira.
Aisenstein confirma a fala de Freud:
“... Freud distingue os traumatismos “puros” dos denominados orgânico-lesionais, constata o quanto a existência de uma lesão circunscrita parece proteger o