ização ocidental”. Em segundo lugar, pelo fato de propor um ensaio original de interpretação dessa história a partir da análise dos processos de integração no Mediterrâneo entre os séculos X a.C. e V d.C. O primeiro objetivo, de caráter mais teórico e historiográfico, é apresentado na introdução do livro, sobre História Antiga e memória social, e desenvolvido com mais vagar nos dois capítulos seguintes: “A história da História Antiga” e “A História Antiga contemporânea”. A base da exposição reside na apresentação da História como uma forma de memória social, fundamental para a criação de uma identidade coletiva. Para o autor, a história dita científica coloca-se como uma fonte peculiar e importante na produção dessa memória e identidade. Sua legitimidade perante a sociedade advém do fato de que é, em grande parte, produzida por um sistema de ensino e pesquisa financiado pelo Estado. Uma característica dessa história está em seu método, pautado pelo uso de teorias e modelos para organizar e conferir sentido aos vestígios do passado. Esses instrumentos podem ser criticados e refutados, conferindo à escrita da história uma dinâmica e, sobretudo, uma ligação indissociável com as demandas do presente. Daí a posição expressa pelo autor de que, diante do aprofundamento do processo de globalização pelo qual passa nosso mundo contemporâneo, a própria História Antiga deve ser repensada, e não apenas pela formulação de novas teorias e modelos, mas pela crítica de sua forma tradicional, marcada por uma perspectiva eurocêntrica e permeada pelas ideias de progresso, nação e civilização. Em suma, se essa forma interessava aos intelectuais europeus que a produziram no século XIX, não significa que devemos replicá-la hoje, irrefletidamente. Para que compreendamos esse processo, o autor apresenta um painel do desenvolvimento da História Antiga desde o Renascimento até o século XX. Embora essa parte se centre mais numa discussão historiográfica, o autor já introduz nela um