heteronimos
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Resolução
Neste poema de Álvaro de Campos podemos observar uma certa distanciação irónica a exprimir nostalgia e amargura relativamente ao passado que se perdeu ( Quem me dera no tempo em que escrevia/ Sem dar por isso/ Cartas de amor/ Ridículas). Está ainda presenta, no discurso parentético, a intelectualização das emoções, característica de Pessoa ortónimo. No que diz respeito à estrutura externa do poema podemos dizer que existe uma irregularidade métrica, estrófica e rimática e que o poema é composto por versos longos alternados com versos curtos, característica do modernismo.
Á LVARO DE CAMPOS
«(…) Nasceu em Tavira da Serra Grande, a 15 de Outubro de 1890, pelas 13h30, teve uma educação exemplar de Liceu; depois foi paraGlasgowsky, Escócia, estudar engenharia mecânica e naval. Numas férias, fez a viagem ao Oriente, de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inactividade. (…) »
•Cartas de amor •Cartas de amordo poeta
•Amor •Quem não ama
ANÁLISE FORMAL
Métrica: To|das |as |car|tas |de |a|mor |são Ri|dí |cu|las. Não| se|ri |am |car|tas |de |a|mor| se |não |fo|ssem Ri|dí|cu|las.
A poesia é aquelaforma de prosa em que o ritmo é artificial. Álvaro de Campos
1º verso: Oito Sílabas Métricas (Octossílabo)
2º