Heroina e heroinomanos
Da heroína ao heroinómano: para uma compreensão da ‘psicofarmacologia de rua’
João Pedro do Vale Estanqueiro – 2009020665
O presente artigo debruça-se sobre a heroína enquanto substância psicoativa e produtora de fenómenos sociais, bem como sobre os seus consumidores. Assim, começa-se por uma breve introdução histórica da descoberta da substância, partindo-se depois para uma análise dos seus efeitos e padrões de consumo associados. De seguida, o heroinómano é alvo de análise, procurando-se perceber o grau de controlo dos mesmos em relação ao consumo, bem como fatores associados ao mesmo. Palavras-chave: Heroína; Heroinómano; Heroína e Psicofarmacologia; Efeitos da Heroína; História da Heroína.
Introdução A palavra heroína tem a sua raiz etimológica na palavra
grega ἥρως (hērōs, “herói”) e foi a denominação dada à diacetilmorfina, devido aos efeitos terapêuticos milagrosos que se pensava possuir (temática aprofundada mais à frente no artigo). Hoje sabemos que este milagre foi apenas uma ilusão da indústria farmacológica que acabou por desenvolver algo que é hoje, passado pouco mais de um século, um dos maiores flagelos a nível social da sociedade moderna. Importa notar, assim, que este artigo pretende abordar a heroína e o heroinómano, não se focando nos aspetos terapêuticos e de recuperação da mesma. Neste sentido, o objetivo é contribuir para a compreensão das implicações psicofisiológicas e psicossociais do uso da heroína, a rainha da chamada psicofarmacologia de rua (Leri, Bruneau & Stewart, 2003).
A descoberta da heroína. Foi no dia 19 de Setembro de 1898 que a farmacêutica alemã Bayer lançou a heroína no mercado e na medicina (Figura 1). Inocentemente e com intenção medicinal, esta substância foi desenvolvida pela mesma equipa de investigação que desenvolveu a aspirina, convencidos de que revolucionaria o tratamento e a supressão da