Heranças da História O passado do Brasil foi claramente desenhado em função do interesse de colonizadores que visavam não o desenvolvimento das “Novas Terras”, mas sim o crescimento do próprio comércio de forma exploradora através do monopólio do mercado colonial. Muitos veem neste fato histórico o maior responsável pelo subdesenvolvimento consequente do Brasil, porém, se assim fosse, o local do país (Pernambuco) que ficou sob domínio flamengo seria hoje um dos maiores pólos econômicos nacionais, fato esse que não se confirma. Uma pergunta sobre a independência do Brasil: será que ele realmente tornou-se independente? É questionável. Como nação, é vago afirmar sua autonomia já que a Inglaterra sempre veio a interferir nas decisões político-econômicas do país mesmo após este tornar-se independente. Não só neste aspecto, mas também no cultural, onde o padrão de conduta e moda importados da Europa eram sinônimo do maior requinte e luxo que a sociedade brasileira poderia alcançar. Essa é uma característica cujos reflexos estendem-se até hoje. A submissão cultural permeada pela mídia é um fator explícito em nossa rotina. Um exemplo de um passado não muito distante da atualidade é a Política da Boa Vizinhança adotada pelos Estados Unidos por volta da década de 50. A superpotência mundial visava estabelecer no Brasil um vínculo de aliança através de uma série de medidas e, dentre elas, uma proximidade cultural. “Proximidade” essa que levou o Walt Disney a criar o célebre personagem Zé Carioca, uma alegoria completa dos estereótipos brasileiros mostrada mundo afora. Não que seja incorreto dizer que a influência americana vinha desde antes, mas após este episódio tornou-se mais presente na vida dos brasileiros. Agora, veja-se a questão dos negros. Uma enorme massa de escravos libertos em 1888 (após várias pressões do governo inglês), sem garantia de emprego, sustento ou moradia, foram deixados livres a sua sorte. O que se esperar de herança deste fato?