Hepatite
Raymundo Paraná
Professor Adjunto de Gastro-hepatologia da Universidade Federal da Bahia
Livre Docente, Doutor e Mestre em Medicina Interna pela Universidade Federal da
Bahia
Delvone Almeida
Doutoranda e Mestra em Medicina Interna pela Universidade Federal da Bahia
Contato:
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INTRODUÇÃO
Os Babilônios há cerca de 2500 anos já haviam feito referências a surtos epidêmicos de icterícia entre o seu povo. Hipocrates no século IV a.C. também descreve quadros de icterícia epidêmica, sem qualquer idéia de agente causal ou formas de transmissibilidade.
Quadros de icterícia epidêmica ocorreram por séculos e foram marcantes, sobretudo, nos períodos de guerra e catástrofes humanas, particularmente na Idade
Média, quando ocorria piora das condições sócio-higiênicas locais. Daí a origem das designações de "icterícia de campanha" e de “doença do soldado” (1).
Essas epidemias de icterícia influenciavam de modo desfavorável a evolução das guerras. Exemplo disso foi a Guerra da Secessão Americana (1861-65), quando mais de 40000 soldados dos exércitos da União foram atingidos. Outras epidemias acompanharam as duas Guerras Mundiais da primeira metade do Século XX. O número de casos de hepatite durante a Segunda Grande Guerra foi estimado em cerca de 16 milhões. Nesse período e por muito tempo não se conhecia o moderno conceito da transmissão fecal-oral das hepatites virais epidêmicas (2).
A ERA VIRCHOWIANA
Em 1865, Virchow (3) descreveu um doente com icterícia, em que ele observou obstrução do colédoco terminal por rolha de muco, criando, assim o conceito, admitido por varias gerações de conceituados patologistas e fisiologistas, da
"icterícia catarral". O termo sugeria a idéia de que uma inflamação na região da ampola de Vater levasse a uma obstrução da drenagem biliar. O tratamento proposto e assumido àquela época