Hegel
O objetivo que impulsionou originalmente a Filosofia de Hegel foi a reconstituição de um ideal cristalizado na imagem da Grécia Antiga. Esse ideal personificava a busca da liberdade. Não a liberdade subjetiva e privada como nós a entendemos hoje. O que esse ideal personificava era uma noção de liberdade completa sem a presença da alteridade e da diferença. Uma liberdade, portanto, que pelas suas próprias características implicava uma consumação ligada ao infinito: sua realização deveria eliminar toda espécie de separação entre as dimensões da vida. Assim, em contraposição a um presente caracterizado pela cisão entre governados e governantes, entre Deus e os homens e entre Política e Religião, a Grécia Antiga representava, para Hegel e muitos de sua geração, um ideal de harmonia e de identidade entre esses vários aspectos. Liberdade, então significava uma vida plena ou o reestabelecimento da juventude perdida da civilização ocidental.
Entretanto, o amadurecimento do pensamento de Hegel conduziu-o a uma posição diferente e antagônica com relação à restauração do mundo grego. A noção de retorno cedeu terreno ao reconhecimento da riqueza e da peculiaridade do presente histórico. Também tornou-se evidente a precariedade da liberdade antiga. Mesmo abandonando a busca pela restauração da Grécia Antiga, o objetivo da liberdade ou da vida