hegel
A questão antropológica em Kant
O que é o homem?
Responder a esta questão, ainda que a perspectiva que aqui se dá seja geral e o mais específico se encontre no desenvolvimento das questões que estão inseridas nesta alínea "C" importa desde logo uma revisão quase geral sobre a filosofia de Kant.
Na verdade, para se saber o que é o homem é necessário saber-se o que Kant entende por homem, na sua multitude de facetas, como ser que é ; ainda que não se conheça a si mesmo como númeno ( como coisa em si ) , é, sem duvida um fenómeno e como tal rege-se pelas leis que regem os fenómenos ( logo, o homem é um ser natural que não tem consciência de si enquanto ser em si ).
Já tivemos também oportunidade de desenvolver a dupla situação do homem enquanto ser actuante num espaço e num tempo que chamamos de histórico: é um fenómeno que aspira a ser númeno ( ou seja, a conhecer-se em si mesmo, na sua substância, na sua verdade ); como tal coloca-se como objecto e sujeito da história ( ou seja obedece - objectiva-se - a leis que ele próprio formula - em que é sujeito delas ).
Breve, o homem, qualquer definição do homem em Kant, implica, uma conjunção entre aquilo que ele foi, aquilo que ele é e aquilo que pretende ser, num devir que, ao ser projectado por ele enquanto ser que é, acaba por se incorporar na sua própria consciência de si como meta a atingir.
Portanto o homem não é, simplesmente.
O homem está em constante mutação e embora se reconheça em Kant uma ligação de causalidade entre aquilo que ele é e aquilo que ele pretende ser, não é menos certo que existe alguma contradição própria da condição humana que é a de projectar-se para um futuro determinado sem ter a certeza de que esse futuro determinado será, por um lado