atamento enviesado da academia em relação aos estudos bíblicos nos termos do orientalismo10 . Entre estes autores está Whitelam, que considera o Israel antigo uma construção ideológica que transmite para a antiguidade a realidade dos Estados Nacionais, inexistente até os oitocentos. A importação do orientalismo para os estudos bíblicos (e arqueológicos) sobrevalorizou o período de ocupação hebraica da Palestina, ignorando os antigos habitantes cananeus/palestinos da região.11 Recentemente, os estudos acerca dos antigos hebreus têm se multiplicado e, junto deles, cada vez mais abordagens têm se popularizado. O uso da arqueologia forneceu importantes dados nos últimos anos, inclusive ajudando a contextualizar os documentos bíblicos. Thomas Thompson, por exemplo, percebeu em seus estudos que as narrativas dos patriarcas não correspondiam a realidades do segundo milênio antes de Cristo, como até então se pensava, mas que diziam respeito a uma realidade muito posterior.12 Autores como Philip Davies aprofundaram as análises de termos como “Israel”, demonstrando que seu uso na Bíblia possui sentidos que variam consideravelmente.13 Especialistas como Christa Schäfer-Lichtenberger, Niels Lemche e Israel Finkelstein acenderam um grande debate em torno da historicidade de um grande reino davídico-salomônico no século X a.C.14 Recentemente, William G. Dever afirmou que “Aparece com clareza suficiente que todas as histórias do Antigo Israel são agora obsoletas... No que me concerne, meu próximo livro será uma história do Israel Antigo escrita em grande parte sem recurso à Bíblia hebraica, fundamentada na maior parte do tempo sobre os ricos dados arqueológicos que possuímos hoje”.15 A hipótese documentária não foi abandonada, mas tem sido reinterpretada à luz de novos dados apresentados por Van Seters e H. Schimid.
Diversas formulações teóricas foram levantadas nos últimos anos em relação ao tratamento das fontes na reconstrução da história dos hebreus. Algumas críticas por