Hebreus, Gregos e Fenícios - Primórdios
2900-2500 a.C. - Período de Uruk, a mais poderosa cidade suméria. A fundação de Uruk é magnificamente retratada no poema babilônico A Ascensão de Ichtar. Durante uma assembléia de deuses Anu (o Céu), que estava eufórico, deu a Ichtar (Inanna) preciosos vestidos e colares, além de "Forças Divinas". Inanna vem de E-anna, que significa "Casa Celeste", numa clara alusão à Casa - manifestação material do Signo, a contraparte feminina do Pai, a Mãe. Anu diz que "Graças ao meu Poder quero dar a Ichtar, à minha filha pura, o domínio, a divina Essência e a Coroa; quero dar-lhe o Trono real, o alto cetro, o sublime templo". Ichtar, a pura, aceitou tudo. Recuperado da embriaguez, Anu tentou por todos os meios retomar os bens, mas Ichtar, defendendo-os habilmente, instalou-se em seu novo templo, em Uruk. Lá construiu um templo a Dumuzi, seu amante (na verdade Dumuzi-Apsu ou o "Filho Legítimo de Apsu").
Apsu é a personificação do Abismo, do Caos Primordial. Segundo a lenda, Dumuzi era um valente rapaz que um dia, ao afundar com seu barco, desceu ao inferno. Lá chegando, os espíritos o detiveram como prisioneiro. Neste episódio desenrola-se um dos mais belos poemas babilônicos: A Descida de Ichtar aos Infernos. Quando Ichtar vê que raptaram seu amante, vai desesperada e agressivamente bater no portal dos infernos para resgatá-lo, em Arallu, a cidade dos mortos. Vai ter com Erechquigal, sua irmã e rainha dos infernos. Ela deixa Ichtar passar mas, atendo-se às normas, desde a primeira "porta-dupla" vai despojando Ichtar de todas as suas vestes: primeiro a coroa, depois os brincos, o colar, o peitoral, a cinta, os braceletes e por último, na sétima porta dupla, a veste. Como todos os que se apresentam à rainha, Ichtar vai completamente nua. Elas brigam e a rainha arremessa Ichtar às sessenta doenças.
Enquanto isso, na terra, com o desaparecimento de Deusa da Fertilidade, a