Hannah Arendt
Liberdade e Política são dois conceitos que foram tratados durante muito tempo pela filosofia e ciência política como temas que sempre estiveram inseridos no âmbito da metafísica, em um campo meramente conceitual e especulativo que, segundo Hannah Arendt, muito pouco ou quase nada prático. Por tal motivo, o conceito de política carece de profundidade, sendo debatido e discutido superficialmente. Com isso, uma questão que se faz necessária é: se os conceitos mencionados sempre foram tratados sem profundidade por estar ancorado no âmbito meramente conceitual, como trazer para o campo da prática conceitos exaustivamente tratados pela metafísica, no campo das especulações, e que poucos autores os trataram como tal? Hannah Arendt nos trás uma possível resposta abordando a política e liberdade como conceitos indissociáveis, como uma espécie de “dois lados de uma mesma moeda”, onde um conceito dá suporte ao outro, onde ambos se realizam no campo da ação, da prática.
O campo em que a liberdade sempre foi conhecida, não como um problema, é claro, mas como um fato da vida cotidiana, é o âmbito da política.
Primeiramente, para a autora, o sentido da política é a liberdade. A política trata da ação entre os homens, entre os diferentes, para que possam dialogar sobre as suas diferenças e chegarem a uma espécie de consenso entre as suas particularidades. É justo nesse momento que entra o conceito – prático -- de liberdade, pois não existe a possibilidade de tratar das diferenças entre os homens e suas particularidades, sem existir, de fato, liberdade. Logo, é no campo da política que a liberdade atua. A política trata da relação entre os diferentes, numa relação recíproca e paralela e, para tal relação ser legitima, deve-se ter a liberdade para exercer de fato a política. Caso contrário a relação política entre os homens, torna-se uma relação vertical, entre dominadores e dominados onde a liberdade