Hamelet
Tendo como cenário a Dinamarca, mais precisamente o castelo de Elsinor, esta peça traz sua versão do destino do Príncipe Hamlet, obrigado a empreender um drástico ato de revanche contra seu tio Cláudio, acusado de assassinar o pai do jovem para tomar o poder, depois de desposar a cunhada. O órfão, porém, não apresenta nenhuma inclinação para cometer tal crime, que deveria ser meticulosamente planejado e calculado, exigindo um sangue-frio de que o nobre não dispõe.
Sua posição, no entanto, o leva a se sentir na obrigação de percorrer este caminho sem volta. Este ponto propicia uma das várias interpretações a que esta rica história dá margem, a que aborda justamente os dilemas éticos e morais de Hamlet, que supostamente justificariam sua vacilação no momento de levar adiante seus planos.
Esta peça é originalmente acessível aos estudiosos por meio das três primeiras variantes que remanesceram no transcorrer do tempo, as cópias conhecidas como o Primeiro Quarto (Q1), o Segundo Quarto (Q2) e o First Folio (F1). Entre elas é possível detectar algumas diferenças, tanto em relação à extensão do texto, quanto ao conteúdo, que se modifica ligeiramente de uma para outra. Afirma-se que o bardo inglês teria criado Hamlet a partir da lenda de Amleto, que permaneceu viva através do historiador Saxo Grammaticus em sua obra Gesta Danorum, do século XIII. Posteriormente ela foi resgatada por François de Belleforest, no século XVI, aparecendo logo depois em uma obra do teatro isabelino denominada Ur-Hamlet.
Quanto à composição desta obra, pode-se dizer que ela é a criação de Shakespeare mais extensa, elaborada e árdua, construída com 4042