Hamelet
RESUMO: O presente artigo visa a discutir alguns pontos acerca do caráter de ruptura do teatro trágico shakespeariano, focando, especificamente, Hamlet.
Introdução
Shakespeare, elemento que se destaca quando trazemos seu nome à tona é o drama, que rompe com os paradigmas clássicos, ponto já abordado por vários teoristas. Quando tocamos em tal questão, devemos lembrar que a tragédia, ao ressurgir no período renascentista, foi marcada pela retomada dos pressupostos apreendidos a partir de sua produção na Grécia antiga. Para a discussão do caráter inovador do drama shakespeariano, é necessário a retomada de alguns aspectos definidores do teatro clássico.
Características shakespeariana.
Hamlet, composto em 1600-1601, carrega os elementos que caracterizam o teatro shakespeariano sem o ensaio das primeiras tragédias nem a extravagância das últimas, contemplando em linhas gerais os elementos que nos permitem tecer as considerações propostas. Romper os paradigmas do teatro, essa ruptura se faz de maneira clara e evidente. A questão do espaço é um primeiro elemento a ser destacado. Ao contrário do cenário das peças gregas que, em sua grande maioria, eram únicos e geralmente referiam-se à frente do palácio do nobre em questão, em Shakespeare eles aparecem em gama variada. Em Hamlet. O príncipe da Dinamarca circula pelo palácio, vai ao cemitério, viaja para a Inglaterra. O que podemos chamar de espaço variado. O espaço extracênico, constante nas peças clássicas, surge modificado no drama shakespeariano. Ao invés de situações fora do campo visual do espectador, trazida as seu conhecimento pela narração de personagens que iam e vinham ao cenário, toma seu lugar a ação em espaços múltiplos. O espectador não é mais privado de determinadas ações. Esta se descortinam à sua frente.
Se a questão do espaço é clara, também o é a da ação. A ação única, centrada no nobre, que prevalecia na antiguidade, passa a contagiar também