Gênero reestruturação produtiva e trabalho
Cássia Maria Carloto
* Assistente Social, docente do Curso de Serviço Social da UEL e doutora em Serviço Social pela PUC-SP..
Volume 4- Número 2
Jan/Jun 2002
Serviço Social em Revista é uma publicação semestral do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina
RESUMO
As reestruturações produtivas e as mudanças que elas acarretam no mercado e na organização do trabalho no contexto atual da globalização da economia, pouco são analisadas do ponto de vista das diferenças de gênero. Entretanto, os impactos das reestruturações produtivas sobre as condições de trabalho sofrem variações segundo o sexo e a mão-de-obra.
O novo modelo de flexibilização, para as mulheres, passa pela utilização intensiva de formas de emprego precárias, como contratos de curta duração, empregos por tempo parcial e/ou trabalho em domicilio. Uma das formas como se manifesta esse fenômeno, é a concentração da presença feminina nas chamadas empresas "mão" dos novos encadeamentos produtivos (ou seja, aquelas onde predomina o trabalho instável, pouco qualificado e mal pago), em oposição às empresas "cabeça", onde se concentraria o trabalho mais bem qualificado, mais estável e mais bem remunerado.
Palavras-chaves: Gênero. Sexualidade. Trabalho Feminino.Reestruturação produtiva.
A proposta deste trabalho é tecer algumas considerações sobre as particularidades da exploração da mão de obra feminina e a posição das mulheres no mercado de trabalho, apresentando alguns dados sobre o contexto brasileiro.
A questão central é que as condições diferenciadas por gênero foram sendo apropriadas pelo mercado de trabalho, interferindo na própria organização do mesmo. O intenso processo de terceirização de serviços ou de etapas do processo produtivo, através da subcontratação e do assalariamento sem carteira, da informalização, da flexibilização das relações sociais no mundo do trabalho, adquiriu, através da mão-de-obra feminina, um