Gênero Gramatical
José da Luz Costa
UFRN
Introdução
Em princípio, este estudo situa-se no contexto sociocultural em que a linguagem é vista como uma atividade intersubjetiva, que favorece e promove a interação comunicativa entre os usuários. Assim sendo, a análise do gênero gramatical dos substantivos em português fundamenta-se aqui nos pressupostos teóricos formulados pela lingüística funcional, de inspiração givoniana. Esse paradigma científico, basicamente, estabelece uma ruptura teórico-metodológica com os modelos tradicionais de pesquisa lingüística. Com efeito, o modelo de análise proposto por Givón e outros funcionalistas norte-americanos configura uma reação à ausência do componente pragmático nos modelos estrutural e gerativista2. Tornaram-se evidentes as limitações conceptuais dessas propostas lingüísticas, visto que focalizam a descrição do sistema em si mesmo, divorciando forma de função, expressão de conteúdo, contexto (discursivo) de situação (social).
Vale reiterar, portanto, que o funcionalismo, em função de uma gramática de base semântico-pragmática, concebe a língua como um sistema dinâmico, emergente, plástico, remodelado continuamente pelas forças motivadoras – internas e externas – concernentes ao processo interativo da comunicação verbal.
Fundamentalmente, a observação sobre o comportamento funcional da categoria de gênero prioriza aqui sua manifestação em enunciados empíricos, pois que estes refletem genuinamente a atividade discursiva de indivíduos reais.
Nesse sentido, a representatividade do corpus torna-se preponderante no contexto da análise. Assim, os casos ilustrativos e pertinentes à formalização do gênero nominal são levantados em textos da imprensa escrita nacional – revistas e jornais –, cujas informações mostram-se autenticamente contemporizadas às demandas comunicativas. Haja vista que as ocorrências evidenciadas no âmbito da escrita comumente já