Guião - Os Maias

Guião do Jantar do Hotel – “Os Maias”
EGA (apresentando-os) – Não sei se são relações. Carlos da Maia… Tomás de Alencar, o nosso poeta… É ele! O ilustre cantor das «Vozes de Aurora», o estilista de «Elvira», o dramaturgo do «Segredo do Comendador».
ALENCAR - Vossa excelência, já que as etiquetas sociais querem que eu lhe dê experiência, mal sabe a quem apertou agora a mão…
CARLOS (murmurando): - Eu conheço muito de nome…
ALENCAR – Ao camarada, ao inseparável, ao íntimo de Pedro da Maia, do meu pobre, do meu valente Pedro!
EGA (gritando) – Então, que diabo, abracem-se! Abracem-se, com um berro, segundo as regras…
ALENCAR – E deixemo-nos já de excelências! Que eu vi-te nascer, meu rapaz! Trouxe-te muito ao colo! Sujaste-me muita calça! Cós diabos, dá cá outro abraço!
Craf mantém-se impassível: Dâmaso parecia impressionado.
EGA (apresentado um copo de vermute ao poeta) – Que grande cena, Alencar! Jesus, Senhor! Bebe, para te recuperares da emoção…
Alencar esgotou-o de um trago.
ALENCAR – Já não é a primeira vez que vejo o Carlos! Já o admirei no sei faetonte, muitas vezes, e aos seus velhos cavalos ingleses! Só não o quis dar a conhecer!
Cohen entrou.
COHEN(entrando todo apressado): - Desculpem a demora.
Ega precipitou-se para ele, ajudando-o a despir o paletó. Depois apresentou-o a Carlos, tocando o botão da campainha.
EGA – Carlos da Maia… Jacob Cohen… O marquês não pôde vir, menino, e o pobre Steinbroken, coitado, está com a sua gota, a gota de diplomata, de lorde e de banqueiro… A gota que tu hás-de ter, velhaco!
Cohen sorria, descalçando as luvas.
COHEN - Segundo os ingleses, há também a Ota da gente pobre e é essa naturalmente que me compete a mim.
Ega travara-lhe o braço, colocara-o preciosamente à mesa, à sua direita: depois ofereceu-lhe um botão de camélia de um ramo; Alencar floriu-se também.
Cohen foi servido de sole normande.
EGA (lançando a pergunta com alarde) -Então, Cohen, diga-nos você, conte-nos cá…O empréstimo