Guimarães rosa entrevista a günther lorenz
POLÍTICA: Além disso, eu sou escritor, e se você quiser, também diplomata; político nunca fui. (p. 63)
POLÍTICA: Tenho a impressão de que todos eles discutem demasiado, e por isso não conseguirão realizar tudo o que desejam. (...) Mas você já observou que os que mais falam de política são sempre aqueles que têm menos livros publicados? (63)
ARTE E COMPROMISSO: As palavras de Borges revelaram uma total falta de consciência da responsabilidade, e eu estou sempre do lado daqueles que arcam com a responsabilidade e não dos que a negam. (64)
ENTREVISTA: Peço-lhe que não use essa horrível expressão “entrevista”. Eu certamente não teria aceitado seu convite se esperasse uma entrevista. As entrevistas são trocas de palavras em que um formula ao outro perguntas cujas respostas já conhece de antemão. Vim como combinamos porque desejávamos conversar. Nossa conversa, e isto é o importante, desejamos fazê-la em conjunto. (64)
VIDA E OBRA: (...) é impossível separar minha biografia de minha obra. (66)
BIOGRAFIA: Creio que minha biografia não é muito rica em acontecimentos. Uma vida completamente normal. (66)
VIDA E VALORES: Como médico conheci o valor místico do sofrimento; como rebelde, o valor da consciência; como soldado, o valor da proximidade da morte... (...) queria acrescentar que também configuram meu mundo a diplomacia, o trato com cavalos, vacas, religiões e idiomas. (67)
VAQUEIROS: Quando alguém narra algum acontecimento trágico, digo-lhe apenas isto: “Se olhares nos olhos de um cavalo, verás muito da tristeza do mundo!” Eu queria que o mundo fosse habitado apenas por vaqueiros. Então tudo andaria melhor. (68)
FILOSOFIA: Lorenz: Você tem alguma coisa contra os filósofos?
Guimarães Rosa: Tenho. A filosofia é a maldição do