Guia de Avaliação
Wilma Diniz Cardoso
O estudo das interrelações entre a saúde mental e o trabalho situa-se em um terreno abrangente e ainda insuficientemente examinado, do ponto de vista crítico e teórico, no encontro de várias disciplinas e beneficiando do conhecimento oriundo de vários campos disciplinares.
Em particular, a psiquiatria clínica, psicologia experimental, psicologia clínica, toxicologia, psicossomática, psicodinânica, psicanálise, psicologia social, ergonomia, medicina do trabalho, epidemiologia e as várias disciplinas do campo da engenharia industrial e de produção que estudam as condições, organização e processos de trabalho, onde residem as influências fundamentais sobre a saúde mental do trabalhador.
As condições de trabalho compreendem sobretudo os ambientes físico, químico, biológico, higiene e segurança. A organização de trabalho designa a sua divisão, conteúdo da tarefa, sistema hierárquico, modalidades de comando, relações de poder, questões de responsabilidade, entre outros. Seligmann-Silva (1993) enuncia algumas das situações directamente relacionadas com esta influência de condições e práticas organizacionais sobre a saúde mental no trabalho: riscos de acidentes e doenças, ritmo intenso, jornadas extensas, isolamento, proibições, formas de controle e avaliações desenvolvidas na organização e na hierarquia.
No início dos anos 90, foi estimado pelo World Bank (1993) que o impacto econômico e social gerado pelos transtornos mentais no
Interacções número 1. pp. 65-78. © 2001 ISMT
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mundo do trabalho está em torno de 9% de todas as perdas econômicas devidas a doenças de um modo geral. Cabe ainda referir aqui a insuficiência de políticas de saúde integradas e eficientes no enfrentamento dos problemas ligados à saúde mental na população geral, que é extensiva à população ativa de trabalhadores. Para isso, é necessário rever antigas orientações práticas e metodológicas e