Guerra fria
Ao ligar a televisão em um dia comum, nos deparamos com reality shows, talk shows e até documentários sobre pessoas que atingiram a fama e a riqueza. Essas pessoas, muitas vezes sem expressão, robotizadas e movidas pelo desejo de ter mais, transmitem uma imagem que pode parecer superior à de um simples trabalhador, que acorda cedo para ganhar não mais que o necessário para alimentar sua família e desfrutar de um limitado lazer, mas que contagia seus colegas de trabalho com seu sorriso e suas piadas sobre a própria situação.
O “ter” parece ter superado o “ser” nos dias atuais, devido à falta de contato humano. Com a tecnologia avançada, a máquina tornou-se o melhor amigo do homem. Muitos substituem seu perfil real, sua personalidade, suas experiências humanas, seus ideais e principalmente seus defeitos por um perfil incoerente e inexistente, onde a imagem criada sobre si mesmo não corresponde ao seu verdadeiro “eu”, e sim a uma projeção das suas verdadeiras aspirações.
Estudos relatam que a depressão prevalece entre a fatia mais “rica” da sociedade. Isso é, provavelmente, causado pela falta do calor humano e a necessidade de mostrar quem você realmente é e o que você pensa, ambos ofuscados pelo bem material inanimado e com vida limitada, que é de tanta importância no momento em que se encontra.
Nos tempos modernos, concluímos que o verdadeiro homem foi substituído pelo homem artificial, onde o dinheiro e a posição social corre nas veias e estimula o coração a bater, em busca do que deseja “ter” no momento, e não o que quer “ser” para si mesmo e para a lembrança de todos a sua volta,